Sistema BESS ''energiza'' Carnaval carioca, enquanto comércio em SP respira fumaça de geradores a diesel

Reprodução TV Globo
Que o Brasil é o país dos contrastes, já se sabe há muito tempo. Uma "Belíndia", como classificou, certa vez, o economista Edmar Bacha. É justamente na época de Carnaval que as diferenças mais aparecem, com críticos comparando os milionários desfiles das escolas de samba patrocinadas por bicheiros (agora Bets), com as injustiças sociais que acontecem no país.
As definições desses contrastes foram atualizadas neste Carnaval, com exemplos no Rio e em São Paulo vindos do setor de tecnologia e energia. A empresa Ion Energia, por meio de Sistemas de Armazenamento em Baterias (BESS, na sigla em Inglês), forneceu energia para três blocos de rua na Cidade Maravilhosa, substituindo arcaicos geradores a diesel comumente usados nesses eventos.
Os sistemas supriram energia para os blocos "Toca Rauuul", em homenagem ao roqueiro Raul Seixas; e "Exagerado", que reeditou Cazuza em ritmo de carnaval, ambos na Praça Tiradentes, no Centro do Rio. Já na Praça Santos Dumont, na Gávea, o beneficiado foi o bloco "Último Gole". Cada agrupamento de foliões contou com dois sistemas BESS de 247 kWh, totalizando 494 kWh de energia armazenada, o suficiente para alimentar os equipamentos de som, iluminação e palco durante as seis horas de festa e muita cantoria.

A unidade Ion Storage Solutions montou os sistemas BESS nos locais com apoio de um caminhão Munck dotado de braço articulado e hidráulico. Cada equipamento de BESS utilizado pesava cerca de 3,5 toneladas. Os sistemas foram carregados em um galpão no Rio de Janeiro com energia da rede elétrica convencional, cuja matriz era majoritariamente renovável.
Coordenadora da iniciativa da Ion Energia, a engenheira Joice Pereira contou à repórter Alessandra Neris, da PV Magazine, que "a experiência foi um sucesso, com os foliões e organizadores dos blocos impressionados com a ausência de ruído, fumaça e cheiro de diesel.

A equipe da Ion Storage Solutions aproveitou a oportunidade para explicar o funcionamento do sistema BESS e desmistificar a tecnologia, que ainda é relativamente nova no Brasil, está sendo regulamentada e este ano terá seu primeiro leilão de reserva de capacidade realizado pelo Ministério de Minas e Energia.
Atravessando a rodovia Dutra e chegando a São Paulo, verificou-se outro extremo, desta vez com o uso convencional de energia fóssil. Durante o mês de fevereiro e início de março, empresários das ruas 25 de Março e José Paulino - duas das mais importantes artérias do comércio na capital paulista - vivenciaram o drama da falta de energia em suas lojas.
O episódio não foi inédito, já que as quedas de luz na região central da cidade têm ocorrido com alguma constância nos três últimos verões. Desta vez, porém, o fato comprometeu um dos melhores períodos de venda do ano, que é justamente o Carnaval.
Somente na 25 de Março, cerca de 110 lojistas foram afetados, e passaram a depender de geradores a diesel fornecidos pela Enel. A concessionária alegou que foram registrados problemas nas galerias subterrâneas, devido ao forte calor, e também em alguns transformadores.
Com isso, lojistas, vendedores e clientes foram e continuam sendo sendo obrigados a circular pelas duas conhecidas ruas de comércio em meio ao barulho e à poluição gerada por máquinas antiquadas, pesadas, caras e extremamente barulhentas. Um verdadeiro "Carnaval do barulho", mas não exatamente como desejavam os foliões.
Cyro Fiuza