A importância da gestão preventiva do Sistema Elétrico Nacional e o papel do BESS na resposta de demanda
Divulgação
Alino Sato
O recente comunicado do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) traz à tona um tema de extrema relevância para a sociedade brasileira: a gestão eficiente e responsável dos recursos energéticos, especialmente em períodos de escassez hídrica. Em um país onde a matriz energética é fortemente dependente da hidreletricidade, a variabilidade do regime de chuvas impõe desafios significativos à operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O ONS, em sua nota, assegura que, apesar das dificuldades enfrentadas devido às chuvas abaixo da Média de Longo Termo (MLT), não há riscos iminentes de desabastecimento. No entanto, essa garantia está alicerçada em uma série de medidas preventivas e de caráter excepcional que demonstram a complexidade e a sensibilidade da gestão do sistema elétrico em nosso país.
Entre as ações destacadas, a minimização do despacho de usinas hidrelétricas no subsistema Norte é uma decisão prudente que visa preservar os recursos hídricos da região, uma estratégia crucial para garantir a sustentabilidade do sistema a médio e longo prazo. A maximização da disponibilidade de potência ao final do período seco e o acionamento antecipado de usinas termelétricas, como a UTE Termopernambuco, refletem o compromisso do ONS em assegurar a continuidade do fornecimento de energia elétrica, mesmo em condições adversas.
Essa postura preventiva é fundamental para evitar o cenário de crises energéticas como as que já vivenciamos no passado. Contudo, é preciso ir além das medidas emergenciais. A situação atual expõe a necessidade urgente de diversificação da matriz energética brasileira, com maior investimento em fontes renováveis e tecnologias de armazenamento de energia, que podem oferecer uma alternativa viável e sustentável em momentos de escassez hídrica.
Nesse contexto, os Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (BESS) surgem como uma ferramenta essencial no processo de Resposta da Demanda. O BESS pode desempenhar um papel fundamental ao permitir que cargas críticas continuem operando com energia armazenada, mesmo durante momentos de alta demanda ou escassez de recursos. Isso não apenas auxilia na manutenção dos processos industriais e comerciais sem interrupções, mas também contribui diretamente para os esforços do ONS em reduzir a carga total do sistema.
Um aspecto que merece especial atenção é o potencial de participação de sistemas de armazenamento residenciais e comerciais de pequena e média escala nos processos de Resposta da Demanda. Atualmente, a Resolução Normativa ANEEL Nº 1.030, de 26 de julho de 2022, regula esse programa, mas não permite a participação de sistemas acoplados às redes de distribuição em média e baixa tensão. A inclusão desses sistemas na regulamentação poderia transformar significativamente o panorama de resposta à demanda no Brasil.
Embora sistemas residenciais de menor porte, como aqueles com capacidade de até 10 kW, possam parecer insignificantes individualmente, o impacto coletivo seria considerável. Por exemplo, se 10.000 sistemas residenciais de 10 kW participassem dos processos de Resposta da Demanda, seria possível retirar até 100 MW da carga do sistema. Esse montante é comparável à capacidade de uma usina termelétrica de grande porte, cuja operação poderia ser evitada. Isso representaria uma economia substancial em termos de custos operacionais e uma redução significativa nas emissões de CO2.
Considerando que uma termelétrica a gás natural emite, em média, cerca de 0,4 toneladas de CO2 por MWh gerado, evitar o despacho de 100 MW por uma hora significaria evitar a emissão de aproximadamente 40 toneladas de CO2. Em um cenário de uso diário, essa redução se tornaria ainda mais expressiva, contribuindo para as metas de descarbonização e sustentabilidade do setor elétrico.
Além disso, a viabilidade econômica desses sistemas de armazenamento poderia ser significativamente aumentada se as ofertas de redução de consumo feitas por pequenos consumidores fossem remuneradas quando abaixo do Custo Marginal de Operação (CMO). Esse mecanismo de incentivo não só tornaria mais atraente a adoção de sistemas de armazenamento, como também estimularia uma maior participação dessa tecnologia no sistema elétrico brasileiro. Isso criaria um ciclo virtuoso onde a redução de custos e a eficiência energética andam lado a lado com a sustentabilidade ambiental.
A ampliação do uso de ferramentas como os Mecanismos de Resposta da Demanda, com a inclusão de sistemas de armazenamento distribuídos, não apenas fortalece a resiliência do sistema, mas também se alinha com os objetivos de sustentabilidade e inovação. Isso reduziria a necessidade de acionamento de fontes térmicas e promoveria uma gestão energética mais eficiente e econômica, beneficiando tanto o sistema elétrico quanto o meio ambiente.
Portanto, a integração de BESS em diversas escalas e o ajuste da regulamentação para permitir sua participação ampla na Resposta da Demanda são passos essenciais para garantir a segurança e a sustentabilidade energética do Brasil no futuro. O comunicado do ONS é um lembrete oportuno de que a energia, recurso vital para o desenvolvimento econômico e social do país, exige uma administração cuidadosa e inovadora, capaz de enfrentar os desafios atuais e antecipar as demandas do amanhã.
O ONS, em sua nota, assegura que, apesar das dificuldades enfrentadas devido às chuvas abaixo da Média de Longo Termo (MLT), não há riscos iminentes de desabastecimento. No entanto, essa garantia está alicerçada em uma série de medidas preventivas e de caráter excepcional que demonstram a complexidade e a sensibilidade da gestão do sistema elétrico em nosso país.
Entre as ações destacadas, a minimização do despacho de usinas hidrelétricas no subsistema Norte é uma decisão prudente que visa preservar os recursos hídricos da região, uma estratégia crucial para garantir a sustentabilidade do sistema a médio e longo prazo. A maximização da disponibilidade de potência ao final do período seco e o acionamento antecipado de usinas termelétricas, como a UTE Termopernambuco, refletem o compromisso do ONS em assegurar a continuidade do fornecimento de energia elétrica, mesmo em condições adversas.
Essa postura preventiva é fundamental para evitar o cenário de crises energéticas como as que já vivenciamos no passado. Contudo, é preciso ir além das medidas emergenciais. A situação atual expõe a necessidade urgente de diversificação da matriz energética brasileira, com maior investimento em fontes renováveis e tecnologias de armazenamento de energia, que podem oferecer uma alternativa viável e sustentável em momentos de escassez hídrica.
Nesse contexto, os Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (BESS) surgem como uma ferramenta essencial no processo de Resposta da Demanda. O BESS pode desempenhar um papel fundamental ao permitir que cargas críticas continuem operando com energia armazenada, mesmo durante momentos de alta demanda ou escassez de recursos. Isso não apenas auxilia na manutenção dos processos industriais e comerciais sem interrupções, mas também contribui diretamente para os esforços do ONS em reduzir a carga total do sistema.
Um aspecto que merece especial atenção é o potencial de participação de sistemas de armazenamento residenciais e comerciais de pequena e média escala nos processos de Resposta da Demanda. Atualmente, a Resolução Normativa ANEEL Nº 1.030, de 26 de julho de 2022, regula esse programa, mas não permite a participação de sistemas acoplados às redes de distribuição em média e baixa tensão. A inclusão desses sistemas na regulamentação poderia transformar significativamente o panorama de resposta à demanda no Brasil.
Embora sistemas residenciais de menor porte, como aqueles com capacidade de até 10 kW, possam parecer insignificantes individualmente, o impacto coletivo seria considerável. Por exemplo, se 10.000 sistemas residenciais de 10 kW participassem dos processos de Resposta da Demanda, seria possível retirar até 100 MW da carga do sistema. Esse montante é comparável à capacidade de uma usina termelétrica de grande porte, cuja operação poderia ser evitada. Isso representaria uma economia substancial em termos de custos operacionais e uma redução significativa nas emissões de CO2.
Considerando que uma termelétrica a gás natural emite, em média, cerca de 0,4 toneladas de CO2 por MWh gerado, evitar o despacho de 100 MW por uma hora significaria evitar a emissão de aproximadamente 40 toneladas de CO2. Em um cenário de uso diário, essa redução se tornaria ainda mais expressiva, contribuindo para as metas de descarbonização e sustentabilidade do setor elétrico.
Além disso, a viabilidade econômica desses sistemas de armazenamento poderia ser significativamente aumentada se as ofertas de redução de consumo feitas por pequenos consumidores fossem remuneradas quando abaixo do Custo Marginal de Operação (CMO). Esse mecanismo de incentivo não só tornaria mais atraente a adoção de sistemas de armazenamento, como também estimularia uma maior participação dessa tecnologia no sistema elétrico brasileiro. Isso criaria um ciclo virtuoso onde a redução de custos e a eficiência energética andam lado a lado com a sustentabilidade ambiental.
A ampliação do uso de ferramentas como os Mecanismos de Resposta da Demanda, com a inclusão de sistemas de armazenamento distribuídos, não apenas fortalece a resiliência do sistema, mas também se alinha com os objetivos de sustentabilidade e inovação. Isso reduziria a necessidade de acionamento de fontes térmicas e promoveria uma gestão energética mais eficiente e econômica, beneficiando tanto o sistema elétrico quanto o meio ambiente.
Portanto, a integração de BESS em diversas escalas e o ajuste da regulamentação para permitir sua participação ampla na Resposta da Demanda são passos essenciais para garantir a segurança e a sustentabilidade energética do Brasil no futuro. O comunicado do ONS é um lembrete oportuno de que a energia, recurso vital para o desenvolvimento econômico e social do país, exige uma administração cuidadosa e inovadora, capaz de enfrentar os desafios atuais e antecipar as demandas do amanhã.
(*) Alino Sato, diretor de Assuntos Regulatórios da You.On, é formado em engenharia com ênfase em energia nuclear e sistemas elétricos de potência. Pós-graduando em engenharia elétrica na Universidade Federal do ABC