Por Robson Rodrigues, Valor - São Paulo

A Nova Engevix, empresa controlada pela holding Nova Participações, e a You.On, companhia que desenvolve e implementa sistemas de armazenamento de energia, anunciam a criação de uma joint venture para projetos de armazenamento de energia em larga escala. A proposta inclui estudos e assessoria técnica, análise financeira e regulatória, engenharia, gestão de conexão ao sistema elétrico e operação e manutenção dos sistemas de baterias.

O modelo de armazenamento em baterias, já bem desenvolvido em países como China, Estados Unidos e Chile, contribui para o aproveitamento de todo o potencial das diversas fontes de energia.

No Brasil, no entanto, ainda não existe um arcabouço legal, mas um leilão específico para contratação de armazenamento em baterias poderia abrir espaço para a inserção dessa tecnologia no sistema elétrico, estimulando investimentos e reduzindo riscos para os agentes do setor.

Ao Valor, o acionista e presidente do conselho de administração da Nova Participações, José Antunes Sobrinho, explica que a aplicação desta tecnologia ainda é muito nova no Brasil, mas com forte demanda e preços em queda.

"O preço das baterias está despencando porque os fabricantes chineses estão dominando o mercado. Além disso, elas atendem o leilão de capacidade e têm um triplo: despacho da ponta do consumo; podem acumular energia solar, por exemplo, no momento em que o sistema não absorve e usam em momentos de maior demanda; e uso para criar 'inércia' para ter regulação de de frequência da rede".

A You.On foi a empresa que implantou o único sistema de baterias em larga escala no país em parceria com a Isa EnergiaCotação de Isa Energia. O sistema de baterias custou R$ 146 milhões e está instalado na subestação de Registro (SP). Ele tem 30 megawatts (MW) de potência, com capacidade de entregar 60 megawatts-hora (MWh) de energia por duas horas para uma região de até 2 milhões de pessoas. Outros projetos no Brasil tem capacidade de descarga muito menor.

Hoje, grandes "players" já atuam no Brasil, como Micropower, WEG, UCB Power, Huawei, Moura, entre outras, que dizem estar prontas para atender à demanda. Giorgio Seigne, diretor de parcerias globais da empresa, acredita que a experiência no projeto de registro traz uma competitividade maior.

"A entrada de fontes renováveis intermitentes [como eólica e solar] nos sistemas elétricos globais está obrigando o uso de baterias (...). As baterias podem tornar a geração eólica e solar em energia estável para ser consumida em momentos em que essas fontes não estão produzindo", afirma.

Cortes de pelo ONS

Ele lembra o atual problema dos cortes de geração de energia impostos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por falta de demanda ou problemas de limitação da rede. O problema elevou a percepção de risco de empresas renováveis.

O Valor noticiou com exclusividade que algumas empresas estão quebrando cláusulas financeiras de contratos de financiamento ("covenants") e provocando uma onda de "waivers", pedidos de dispensa formal às instituições financeiras para evitar penalidades e vencimento antecipado de dívidas.

Seigne frisa que o leilão de sistemas isolados para contratar o suprimento de energia elétrica em localidades da Amazônia Legal que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) deve puxar uma nova demanda por sistemas de armazenamento em larga escala.

Valor
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